Tribunal Regional do Trabalho firma convênio com a prefeitura de Taquaritinga do Norte para pagamento de precatórios com vencimentos em dezembro de 2024
O
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região firmou um convênio para pagamento de
precatórios que estão por vencer em dezembro, desta vez com a Prefeitura de
Taquaritinga do Norte.
O
termo foi assinado no gabinete da Vice-Presidência, pelo desembargador Sergio
Torres e pelo advogado do município, Williams Rodrigues Ferreira.
As prefeituras pernambucanas têm procurado a vice-presidência do TRT-6 para formalizar acordo ou convênios para pagamento de precatórios que
vão vencer em 2024, submetidos ao regime comum.
As
sugestões de pagamento trazidas são examinadas para que as ações sejam
encerradas da melhor forma para as partes.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social (CCS)
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6)
Uma
publicação no Instagram da Banda Musical Dom Luiz de Britto de Taquaritinga do
Norte, capturou minha atenção e trouxe de volta uma onda de memórias. A imagem
mostra a primeira aula dos alunos iniciantes, todos com olhos brilhantes de
curiosidade e entusiasmo. À frente da turma, com postura inspiradora, está o
maestro José Fladenílson, um antigo colega dos tempos de escola.
Recordo-me
vividamente da Escola Estadual Severino Cordeiro de Arruda, em 1988. Foi ali
que, numa tarde, anunciaram a formação de uma nova turma de música. Eu, cheio
de sonhos e aspirações, mal podia conter a empolgação. No entanto, a realidade
teve outros planos para mim. Por motivos que hoje me escapam, não pude
participar. A frustração de não ter adquirido aquele conhecimento musical
sempre me acompanhou, como uma nota dissonante em uma melodia.
Assistir,
anos depois, tantos amigos daquela turma se tornarem maestros e músicos
renomados, foi um misto de orgulho e melancolia. Cada apresentação, cada
concerto, era uma lembrança do caminho não trilhado. Contudo, hoje, ao ver essa
nova geração de jovens garotos e garotas na aula inaugural, sinto uma
realização diferente.
Olhando
para a foto, vejo mais do que apenas novos alunos. Vejo a continuidade de um
sonho, uma chama que nunca se apagou. O maestro, meu amigo, representa a conexão
entre o passado e o presente, e cada um daqueles jovens é uma nova
oportunidade, uma nova nota na sinfonia da vida.
Assim,
ao invés de nostalgia amarga, há uma doce satisfação. Realizo-me através desses
jovens, vendo neles a promessa de futuros brilhantes e a perpetuação de uma
paixão que, de algum modo, também faz parte de mim. E, quem sabe, a música que
não pude tocar com minhas próprias mãos, agora ressoe através deles, ecoando
pelas ruas de Taquaritinga do Norte, como uma melodia eterna.
André
Barbosa – Taquaritinga do Norte, 04 de julho de 2024
Antônio Silvino (no centro), ao lado de seus captores, no lugar Torre, no dia 30 de novembro de 1914
No dia
28 de novembro, celebramos o 109º aniversário da prisão de Antônio Silvino,
conhecido como "Rifle de Ouro", um dos cangaceiros mais temidos que
percorreu os sertões do Nordeste brasileiro.
Sua
captura, marcada por um intenso tiroteio, ocorreu no povoado Olho D'Água da
Onça, atual município de Frei Miguelinho, após uma intensa perseguição
encabeçada pelo alferes Theofhanes Ferraz Torres e seus homens.
Theófhanes Ferraz (com 19 anos de idade), os praças que prenderam Antônio Silvino e o sargento José Alvino
Antônio
Silvino trilhou os caminhos do cangaço por impressionantes 16 anos, deixando
sua marca nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco.
Sua
destemida atuação despertava a atenção das autoridades e instigava a
curiosidade da imprensa da época. A notícia de sua prisão espalhou-se como fogo
nas páginas dos jornais, tornando-se o principal acontecimento daquele período.
Após
uma hora de intenso confronto, ferido, Silvino tomou a decisão de entregar-se. No dia
seguinte, um sábado, ele chegou à sede de Taquaretinga, atual Taquaritinga do Norte, onde ficou
recluso na cadeia pública local por dois dias.
Durante
sua estadia na prisão, recebeu a visita de autoridades, alimentação e
tratamento dignos, aspectos que refletiam a relevância que sua captura tinha
naquela sociedade.
Recentemente,
veio à tona uma foto inédita do prédio da antiga cadeia pública, um registro
histórico que remete aos dias em que o "Rifle de Ouro" aguardava sua
transferência.
A foto inédita da cadeia onde Silvino ficou preso dois dias em Taquaritinga de autoria de João Arruda da Silva, e a localização do lugar onde ficava a detenção foram divulgados pelo pesquisador do cangaço André Barbosa
Assista o vídeo:
Antônio Silvino em Taquaritinga
Durante
seus mais de dezesseis anos como cangaceiro, Antônio Silvino desbravou
extensivamente o território de Taquaritinga do Norte, estabelecendo sua
presença de forma marcante na região.
A peculiar condição geográfica do
município, caracterizado por vastas extensões territoriais, proporcionou um
ambiente propício para as atividades do "Rifle de Ouro". Localidades
como Santa Cruz (Santa Cruz do Capibaribe), Torre (Toritama), Santa Maria
(Santa Maria do Cambucá) Olho D'Água da Onça (Frei Miguelinho) e Vertentes de Taquaretinga (Vertentes), foram cenários
frequentes das incursões do cangaceiro.
A
geografia favorável de Taquaritinga do Norte, com sua ampla divisa com o estado
da Paraíba, na época, cuja abrangência compreendia as cidades de Cabaceiras, Barra de Santana e
Umbuzeiro; e limites com os municípios de Caruaru, Brejo da Madre de Deus, e Bom Jardim, em Pernambuco, proporcionava não apenas esconderijos estratégicos, mas também
dificultava sobremaneira a localização do bando pelas forças de segurança da
época.
A
vastidão e a complexidade do terreno permitiram que Silvino e seu grupo
realizassem suas ações de forma eficaz, desafiando as autoridades e escapando
das investidas policiais.
Os
municípios e as localidades mencionados eram áreas praticamente ermas em Taquaritinga do Norte
naquela época, e até os dias atuais, é possível encontrar no município vestígios dos locais
por onde o cangaceiro passou. Lugares como Serra dos Bois, Boa Vista, Gravatá
do Jaburu (Ibiapina) ressoam na história local como testemunhos silenciosos de
uma era turbulenta.
A presença de Silvino na região deixou marcas indeléveis, e a memória desses acontecimentos ainda ecoa através dos vestígios geográficos e das narrativas transmitidas de geração em geração.
Taquaritinga do Norte, com sua topografia desafiadora e sua rica história, preserva a herança da passagem do "Rifle de Ouro" por essas terras, destacando a complexidade de um capítulo intrigante na saga do cangaço nordestino.
Aspecto do povoado Santa Cruz (atual Santa Cruz do Capibaribe), lugar onde o bando de Silvino promoveu, em 1911, um ataque a propriedade do Major Negrinho, pelo motivo do mesmo recusar-se enviar certa quantia em dinheiro.
Casa de Ludugero Aleixo, na localidade Serra dos Bois, lugar que Silvino e seus homens descansavam e recebiam apoio. Fonte:partiutaquaritinga.com/
Repercussão da prisão
Na manhã do dia 30, por volta das 9h, Antônio Silvino foi escoltado por um grupo de sete praças, um sargento e o delegado, com destino a capital. Silvino ferido seguiu montado em uma burra.
Chegada do grupo em Torre onde ver-se Antônio Silvino ferido e ainda montado
A chegada ao povoado Torre (Toritama)
marcou o encontro com outra comitiva enviada especialmente pelo governador
Dantas Barreto, liderada pelo chefe de polícia dr. J. Maurício Wanderley, que organizou
o transporte do cangaceiro até Caruaru, onde embarcou em um trem com
destino ao Recife.
Em Torre o preso foi medicado, atendeu a imprensa, e ficou algumas horas. Uma multidão se aglomerou para ver o personagem famoso. Até Caruaru o trajeto foi feito a pé, com o cangaceiro conduzido numa rede devido o estado grave do ferimento.
A
justiça não foi branda com o líder cangaceiro. Condenado a duzentos e trinta e
nove anos de prisão, Antônio Silvino cumpriu sua pena na Casa de Detenção,
atualmente conhecida como Casa da Cultura. Surpreendentemente, em 04 de fevereiro
de 1937, após vinte e três anos, dois meses e 18 dias de reclusão, Silvino recebeu a
anistia do presidente Getúlio Vargas.
Casa de Detenção
Antônio Silvino saindo da prisão
Encontro do ex-cangaceiro com o presidente Getúlio Vargas.
A saga
de Antônio Silvino teve seu epílogo em 28 de julho de 1944, quando faleceu em
Campina Grande, no estado da Paraíba. Seu túmulo encontra-se no Cemitério Monte
Santo, na mesma cidade, marcando o descanso final de um personagem que, apesar
de sua vida turbulenta, tornou-se parte indelével da história do sertão
nordestino.
Local que marca o túmulo de Antônio Silvino no Cemitério Monte Santo, Campina Grande -PB